quinta-feira, 9 de abril de 2009

À procura do Vietnam - dia 20 (9/4/09)

De manhã, alugámos umas bicicletas, e fomos até Ben Tré. À beira da estrada, haviam imensas árvores de fruto. Pelo caminho fazíamos algumas avarias de bicicleta, sempre a testar os limites das mesmas, dando alguns saltos (mas pequenos, não fosse a bicicleta desfazer-se mesmo ali), equilibrismos, e até ultrapassagens a algumas motas. :)
A localidade já estava em ebulição às nove da manhã, mas havia pouco que ver, pelo que voltámos atrás, e fomos novamente à aldeia onde estiveramos no dia anterior. O Sol já apertava, e àquela hora já deviam estar uns belos 26 ou 27 graus celsius. Durante o dia tínhamos temperatura de 31 graus, e suavamos em bica. :)
O percurso que fizemos até Phú não fora no entanto igual ao do dia anterior. Metemo-nos por um circuito paralelo à estrada principal, com imensas pontes em arco, galgando as dezenas de canais de irrigação que existiam. O caminho tinha dum lado a ria principal, com muitas árvores, e de vez em quando um pequeno cais de embarque para as xatas. Do outro lado, haviam pequenas quintas, onde cultivavam diversos legumes, mas tudo densamente coberto por árvores frondosas. Muito fixe!
Da parte da manhã já não deu para fazer muito mais, pois teríamos que nos meter a caminho de Saigão. Eu ainda parei para cortar bambu com a ajuda dum canivete de um dos companheiros de viagem. Percebemos porque razão os viets cortam o bambu com katanas. É estupidamente maciço!! :)
Os meus companheiros foram preparar as suas malas de viagem, mas eu não podia sair daquela região sem antes tomar o pequeno-almoço: a já tradicional noodle soup phó rieu, que é uma mistura de carnes. Tava bom. Enquanto comia, um vietnamita veio sentar-se ao meu lado com o seu filho e começou a falar comigo como se nada fosse. Em troca, comecei a falar português com ele. Foi risada completa. Nenhum de nós percebia nada do que o outro dizia (não valia a pena usar inglês pois ele também não entendia). No final paguei 0,70 euros e fui à barraquinha ao lado para o meu café gelado. Puseram-me dois copos na mesa: um cheio de gelo, e o outro com uma mini-panela no topo. Eu já estava a começar a achar a lógica daquilo, quando o local olha para mim divertido e senta-se de frente para mim. Começa então por agarrar no copo de gelo e derramar para o chão a água já derretida. Em seguida, aponta para a mini-panela (era uma cafeteira, basicamente), e levanta-a revelando uns pequenos furos na base, e mostrando um pequeno prato, também cheio de furos. Dentro da cafeteira, o café misturado com água a ferver ía vertendo gota a gota para o copo. Ele "desenhou" um risco no copo pequeno com o dedo, indicando o nível de café necessário. Aguardámos um tempo. Depois, levantando a cafeteira, meteu um pouco de açucar, misturando bem, e verteu o conteúdo para o copo com gelo. Voltou a assentar a cafeteira, a qual continuou a gotejar. Quando acabei de beber o café, já tinha mais um copo para verter lá para dentro. :)
No final, ofereceu-me um bule com chá vietnamita, que também bebi fresco. Mesmo sem açucar era muito bom, e fazia lembrar qualquer coisa parecida com rosas, mas diferente. Foram provavelmente os 22 cêntimos de euro mais bem gastos de toda a viagem. :D
Quando cheguei aos bungallows, o resto da malta já estava toda deitada em camas de rede, a aproveitar uma ou outra aragem fresca que por ali passava ocasionalmente. Aproveitei para espreitar o aquário com o seu elephant-fish (não chegámos a provar), e em seguida fui experimentar as camas de rede. Mas foi sol de pouca dura, pois daí a cinco minutos tinha chegado o nosso transporte: quatro motas! Eu não tinha mãos a medir dos sacos que levava fora da mochila (tinha muita coisa frágil). Mas lá conseguimos meter tudo em cima da mota, e metemo-nos a caminho até ao ferryboat.
Aí, conversámos com um canadiano que já ali estava há onze anos. Ele vivera algum tempo no Cambodja, mas a corrupção era tanta que ele não teve outro remédio a não ser o de sair daquele país e instalar-se no Vietnam, onde agora era proprietário duma zona turística que rentabilizava junto dos seus compatriotas e outros turistas que por ali passassem. O serviço era caro (para a média de preços praticados noutros locais), mas ele dizia que tinha todas as comodidades e mais algumas. :)
A viagem de ferry foi curta. Enquanto as motas saíam, despedimo-nos do canadiano, e fomos de mini-bus até ao posto de camionetas, onde por sua vez iríamos apanhar outro mini bus! :D
Enquanto esperávamos pelo transporte, fui à procura de água, mas logo os funcionários do posto me passaram garrafas de água frescas, saídas directamente da arca que estava ali plantada no passeio. Uma dádiva, já que os 31 graus faziam-se sentir bem logo de manhã.
Ao pé do posto, também havia um edifício a destoar de todos os outros: era um supermercado, uma raridade por estas bandas. :)
Partimos em direcção a Saigão. À chegada fomos brindados com uma chuva e ventos tão fortes que não lembravam a ninguém no geral, e a nós em particular, que já estávamos mentalizados de que não iríamos precisar de usar novamente os ponchos até ao final da nossa estadia no Vietnam). Isto fez-me lembrar aquilo que a neozelandesa dissera acerca dum tufão que estava a assolar aquela zona.
Na estrada circulavam motas e mais motas, transportando as coisas mais estranhas, desde carradas de cartão canelado, colchões de casal, espelhos, esferovite com quase um andar de altura, até pilares romanos de gesso. Para não desiquilbrar a mota, eram levados aos pares, e ao alto, ora pois concerteza. Para terem ideia da dimensão, cada pilar era quase do tamanho duma pessoa. :)
Saímos do minibus debaixo de chuva, e relutantemente, lá sacámos dos ponchos. Eu parecia um pedinte, pois estava com uma cana de bambu numa mão, e um saco cheio de conchas na outra. Um dos compadres de viagem já só vestia pedaços de poncho cor-de-laranja (a qualidade dos ponchos assemelha-se à do material contra-feito, ou seja, duvidosa).
Lá nos pusemos a caminho do hotel. De vez em quando uma ou outra família soltava uma boa gargalhada ao ver-me a carregar o bambu (qual Gandalf Vietnamita). Eu ria-me com eles. Fizemos paragem estratégica para comprar inspeccionar os capacetes (de muitas cores e feitios). Só é pena que não sejam permitidos na Europa, pelo que decidi não trazer nenhum. Mas houve quem trouxesse um magnífico capacete à la GI Joe, com rede e insígnia de águia, camuflado com as cores dos uniformes americanos. :D

Nota: Os vietnamitas são um povo muito gozão, e algo vingativo. :)

No trajecto até ao hotel já tudo nos parecia normal e até certo ponto familiar. Era um sinal de que estávamos prontos para começar realmente as férias naquele país estávamos a pouco mais de um dia de partirmos com destino a Seoul.

Já nos tínhamos habituado a ver a malta a jogar peteca e pena; às prostitutas que vinham ter conosco (mas a presença dum elemento feminino no nosso grupo impunha o respeito); as moças a andarem de pijama no meio da rua; o alarido das buzinas; as vendas de rua ambulantes de capacetes e outros artigos de primeira necessidade para o condutor de mota (espelhos retrovisores, etc...); jipes topo de gama fazendo marcha atrás ao som de músicas monocórdicas, tais como Lambada, e outros hits internacionais bem conhecidos ("SantaClaus is coming to town" estava no top 3); as baratas e ratos a passearem calmamente pelo chão... Eu gostava cada vez mais daquele sítio. :)

Almoçamos tarde, mas como estávamos na recta final da nossa estadia, fomos ao bar dos "beefs". Pagámos três vezes mais que o normal, mas a comida estava muito boa, e até deu para meter uma bejeca no congelador e tudo, antes de vir para a mesa.

Nota: as cervejas vêm em garrafas de 0.5L. As vietnamitas são a Halida e a Saigon (red ou green). As restantes vêm de Singapura e outros países asiáticos (Tiger, Ba Ba Ba, etc...). São boas. às vezes não vêm é suficientemente geladas. Também vendem muita Heineken.

Fomos fazer compras. Havia muito artigo contra-feito e de qualidade por vezes duvidosa (sportswear de montanhismo e de praia; relógios; malas, etc...). Tudo tinha preços muito apetecíveis, e a escolha era muito difícil, pois tudo era bonito.

Há hora de jantar, comemos um peixe grelhado (Red Snapper), que estava divinal, acompanhado pelos nossos já conhecidos spring rolls (nem rau), e pelo nosso menos conhecido sapo grelhado (que estava uma categoria!).

Amanhã...último dia no Vietnam... :(

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